Nelson Vieira

Nelson Vieira

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Canavial Brasil - autoria Ivan Fernando Gonçalves Pinheiro

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IVAN FERNANDO GONÇALVES  PINHEIRO,  33º
Loja Maçônica Luz de Akhenaton nº20
Membro Efetivo da Academia Maçônica de Letras MS – Cadeira nº35
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Caro leitor, você que nunca viu um “cão chupando manga”, certamente verá um “cão chupando cana”. Estão transformando o Brasil num imenso canavial, abusando do direito de propriedade amplamente assegurado pela Constituição Pátria. Abusam principalmente do poder econômico dominante, em favor do capitalismo cruel, desumano e avassalador.  Terras férteis que antes produziam alimentos para suprir as necessidades primárias da cesta básica dos brasileiros, (arroz, feijão, milho, soja, trigo, frutas, verduras, carne, leite, etc.), estão sendo transformadas em imensos canaviais. E não é para produzir açúcar, rapadura, melaço e outros derivados comestíveis da cana. Toda a produção canavieira visa abastecer a indústria do combustível; ou seja, abastecer os tanques dos veículos e aviões dos ricos, e não abastecer a barriga carente dos pobres.  Ricos estrangeiros, diga-se de passagem, pois pelo que se tem divulgado sobre a produção petrolífera da bacia do “Pré-Sal”, se não for propaganda enganosa do governo, em breve seremos auto-suficientes na produção de petróleo. Por que então produzir tanto álcool?! Se não houver uma rápida ação do governo federal, criando uma política séria e conciliadora para o desenvolvimento agrário brasileiro, a curto prazo teremos o desabastecimento interno dos referidos produtos da cesta básica, o que obrigará a importação com a conseqüente alta de preços e a volta da perniciosa inflação. Outra conseqüência funesta imediata desta mudança brusca, imposta pela cultura da cana, é o desemprego gerado pela mecanização da lavoura dessa “monocultura”. Não sobrará na zona rural emprego nem para os “bóias frias”, cortadores de cana. Teremos mais uma vez o êxodo rural dos humildes trabalhadores rurais, como aconteceu nas décadas de setenta e oitenta, provocando o inchaço das favelas urbanas, gerando conflitos e delinqüência pela falta de emprego e perspectivas nas cidades, dos despreparados trabalhadores rurais. Como sempre acontece, os incompetentes governantes vão tratar esses conflitos gerados pelo êxodo rural como caso de polícia, e não como caso de política social  agrária. Você caro leitor, que está vendo a “vaca tossir e sumir” dos pastos, agora transformados em canaviais, só não vai ver a “cobra fumar”, porque pelas informações que tenho, até as lavouras de fumo da tradicional Arapiraca, estão cedendo lugar para as lavouras de cana. Os grandes proprietários latifundiários que  arrendam suas terras para os “Senhores de Engenhos Modernos” plantarem cana, ganham sem produzir nada, o que é muito cômodo. Quanto aos minifúndios, o sistema capitalista age perversamente no meio agrário, buscando destruir pequenos agricultores que não aceitam a sua forma de imposição. O pequeno agricultor é colocado agora como mero coadjuvante de um sistema autoritário, cruel e dominador. Busca-se a sua aniquilação, dentro da expansão do sistema capitalista criado para atender mais os interesses internacionais do que os interesses da Pátria. Chamo a atenção dos homens livres e de bons costumes do País, principalmente aqueles que vivem nas entranhas dos Poderes Constituídos da República brasileira, para não se esquecerem dos compromissos iniciáticos firmados diante do Livro da Lei. O desafio agora, não está mais na busca da construção da nacionalidade brasileira, ou na construção do Estado Democrático de Direito, penosamente conquistados, como de outrora. Mas na vigilância da tratativa dos interesses públicos, não permitindo que interesses privados de grupos do capitalismo dominante prevaleçam sobre o interesse maior da Nação brasileira, como vem acontecendo, e denunciado nesta matéria. O grande pensador pátrio RUY BARBOSA, já alertava outrora: “Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.” Com a palavra o Legislador Federal, que não pode se omitir no enfrentamento desta grave questão agrária, criando instrumentos legais que possam coibir o abuso do poder econômico do capitalismo dominante, que está transformando o Brasil num imenso canavial, para atender aos interesses externos e a ganância de uns poucos lesas pátria.