A CAMPO GRANDE QUE
CONHECI
Nelson
Vieira*
Uma cidade acolhedora, com poucas
ruas asfaltadas, restringindo-se mais no perímetro central, muito arborizada, a
ponto de chamar a atenção de quem a visitava pela primeira vez. A vista aérea,
um cartão postal, dando noção de como era.
A população estava num crescente e,
naquela época, e até recentemente as vias públicas (ruas, avenidas e demais
espaços) eram limpas, ou seja, raramente se via lixo, resto de qualquer detrito
a céu aberto na área urbana. Isso motivava comentários do tipo: “... veja que
cidade limpa, da gosto de passear e conhecê-la, sem dúvida um belo exemplo”. Era
estado uno, Mato Grosso, e o município considerado o centro econômico na região
mato-grossense.
Para muitos Campo Grande era no
imaginário a “capital”, do sul do então estado. Tanto é que havia
representatividade do governo estadual, espécie de subsecretarias, sediadas na
circunscrição municipal para facilitar a administração e melhor atender os
anseios dos municípios distantes de Cuiabá, localizados mais a banda sulista do
antigo Mato Grosso. Outro fator, dizia a respeito de várias instituições terem
suas sedes no estado, a partir de Campo Grande, caso da 9.ª Região Militar do
Exército Brasileiro, Base Aérea, Polícia Federal e Noroeste do
Brasil.
Havia uma vontade desde muito tempo
de dividir o estado, e isso aconteceu aos onze dias do mês de outubro de mil
novecentos e setenta e sete, com a criação do estado de Mato Grosso do Sul,
Campo Grande passou a ser capital.
A capital com “cheiro” de cidade do
interior, em face da simplicidade e do aconchego dos habitantes, no trato com as
pessoas. Recebera também a denominação carinhosa de “cidade morena”, que segundo
uma corrente, fora em virtude das ações de ventanias. Os acessos e rotas de
circulações sem pavimentação asfáltica, ou melhor, no puro chão, era só ventar
forte para surgir à poeira, a formar uma “nuvem marrom”, ao derredor da cidade.
Há os que afirmam que se dava em parte pelo laborar a terra, nas lavouras
circunvizinhas ao contorno urbano.
Ainda, sobre a tal nuvem marrom cabe
dizer que, principalmente as donas de casas ficam desgastadas, pois ela (a
poeira) penetrava nos lares sem pedir licença. As roupas nos varais mudavam de
coloração, um descalabro.
Agora metrópole, Campo Grande começou
a desenvolver com o surgimento de escolas e mais escolas, desde o maternal ao
ensino superior, clubes, agremiações, um expansionismo de crenças religiosas,
uma gama de novos empreendimentos, entre esses shoppings centers, e hotéis,
pertencentes a redes nacionais e internacionais que perceberam um potencial no
tocante ao progresso, na região municipal e porque não dizer
estadual.
Mas é o franco desenvolvimento de um
lado e, o retardo de ações públicas a atrapalhar e criar morosidades, no
provimento de melhorias para os munícipes. Por exemplo, uma falta de manutenção
gritante nos espaços, destinados à circulação de veículos ou pedestres, com
buracos em determinados momentos e crateras em outros (e dá-lhe prejuízos). É
problema com a merenda escolar, deficiências nos atendimentos nos postos de
saúde. O povo não quer muito, quer respeito e contrapartida daquilo que cumpre,
pagamentos de taxas e impostos múltiplos.
É certo que uma parcela da população
deixa a desejar, quando contribui para a proliferação de danos a comunidade,
descartando restos do que julga serem sem serventia em qualquer lugar, piscinas
sem o devido cuidado, e terrenos que mais parecem florestas, numa demonstração
clara de falta de urbanidade (educação e civilidade), É preciso mudar isso!
Talvez com campanhas em estabelecimentos educacionais, no comércio, pontos de
ônibus e onde for possível, visando modificar esse costume negativo, num
primeiro estágio.
Uma pena que nossos dirigentes não
acompanham com presteza as necessidades da sociedade campo-grandense e
porventura do estado. A prática, o arregaçar as mangas, baseado em ideia ou
projeto é de suma importância, basta ter vontade. O povo já está saturado de ver
e ouvir tantas asneiras. A bandalheira de alguns dirigentes é visível.
Com certeza a Campo Grande que
conheci, hoje está bem diferente e não seria para menos.
*Membro do GOB-MS, da AMLMS, da
ALACA-RS e ARL.
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